
Muitas de nós fomos criadas, educadas, para sermos vistas como as boas meninas.
Tantas de nós tivemos a nossa educação girando em torno de agradar aos outros.
E assim crescemos.
Sempre tentando acertar.
Algumas vezes explodimos.
O fardo da perfeição era e é pesado demais.
Quantas vezes recebemos pessoas em casa que não suportávamos em casa e tínhamos que fingir que estava tudo bem?
Por educação. Pra ser a “boa menina”.
Quantas vezes sentimos raiva e tivemos que esconder?
Tristeza. Inveja. Rancor. Mágoa.
“Boas meninas não sentem esse tipo de coisa”.
Tem que ser amorosa, gentil e estar sempre sorrindo.
Cada vez que nos comportávamos como os outros esperavam ganhávamos um elogio, um sorriso, um abraço.
Mas, nas vezes em que fazíamos o que queríamos e, consequentemente, desagradávamos, éramos chamadas de feias, rebeldes, sem educação…
E quem é que é que gosta de ser chamada desse tipo de coisa?
Eu não gostava.
Muitas vezes tentei me adaptar ao que ouvia sobre ser uma boa menina.
Eu queria ser amada e elogiada.
Quantas de nós não adoeceram negando quem é?
Muitas e muitas outras continuam adoecendo.
Eu tentei sufocar sentimentos e me culpei muitas vezes por senti-los.
Mas sentimentos não podem ser ignorados. Eles existem.
Com o tempo desisti de tentar e aceitei os rótulos que surgiam com a minha “rebeldia”.
Anos depois, após muitas dores, descobri um novo conceito sobre as boas meninas: onde cada boa menina é boa, primeiramente, pra si mesma.
E aí eu entendi. Entendi, também, que ser boa é ser eu mesma.
Não porque atingi a perfeição, mas porque percebi que ser única, com minhas qualidades e defeitos é o meu grande poder.
Aliás, o nosso grande poder.
Que nós possamos cada vez mais nos respeitar e respeitar nossos desejos e sentimentos.