Não faz muito tempo que eu nem imaginava o que significava amar a solitude. Na verdade eu nem sequer sabia o que era solitude…
Vamos para historinha de hoje.
Eu tive um professor da filosofia na faculdade que falava a seguinte frase “eu me basto”.
Por anos eu achei que isso era muita arrogância da parte dele julgando sem pensar. Até que um dia comecei a interpretar isso de um modo diferente.
O eu me basto virou uma bonita alusão ao prazer da própria companhia sem ter a necessidade do outro para se sentir inteiro e foi aí que eu me encantei.
Pra mim faz muito sentido analisar por esse ângulo onde nós podemos ser inteiros conosco e ter pessoas não como muletas ou como um pedaço que nos falta, mas como outras inteiras também que convivem lindamente sem dependência.
Desde que eu comecei a ter uma vida mais reclusa e amar a solitude muito antes mesmo da pandemia eu sempre me questionava se estava errada por não querer sair muito como as pessoas da minha idade adoram fazer e me julgavam por eu não gostar.
Até que chegou um dia em que eu simplesmente aceitei que o meu jeito era assim. Eu gostava de sair sim, mas do meu jeito e não para lugares cheios com música alta e bebida, por exemplo.
Não é errado ser o tipo que gosta dessas coisas, mas definitivamente não é o meu tipo.
Eu gosto de ficar sozinha, muito mesmo. Aliás, sozinha não, hoje eu sei que eu gosto de ficar comigo mesma. Gostar tornou-se até uma palavra fraca, a melhor seria: amar.
Ah e, sim, eu pago um alto preço por isso: os julgamentos.

Tem dias que eu estou mais disposta a socializar e a falar pelos cotovelos, outros não e tudo bem.
Eu não me forço mais e a maioria das pessoas que eu amo já sabem como eu sou e respeitam.
As vezes eu me pergunto se as pessoas como eu começassem a exigir que os outros ficassem mais em casa dando palestrinhas do quão bom é sentar no sofá num sábado a noite e assistir um filme sozinhos como seria…
Viraríamos fanáticos tentando defender o nosso lado da história e ditando regras sobre a nossa verdade?
Parece tão ridículo tentar impor a nossa forma de viver a vida para quem ama sair pra se divertir.
Por que será que não podem respeitar o nosso jeito mais tranquilo?
Não podem aceitar que é possível sermos felizes sendo mais introvertidos?
Será que é tão difícil assim entender que a gente pode amar as outras pessoas sem necessariamente depender da presença delas para que esse amor exista?
Eu não preciso provar que amar a solitude me faz muito bem, mas parece que isso incomoda demais.